quarta-feira, 17 de junho de 2009

Insônia

 Esses dias fui acometida por uma terrível. Com medo de não conseguir me dedicar aos trabalhos que deveriam ser redigidos no dia seguinte, não a aproveitei e muitas boas idéias podem ter morrido no meu travesseiro.  A reflexão sobre a insônia é constante.  Em 2003 deu nesse texto. Em 2005, o usei para conquistar meu namorado (hoje dono do manuscrito original), não perdendo a oportunidade de vender meu peixe depois da nossa primeira conversa ter passado pela insônia; já que falar dela é muito falar de mim. Em 2009, o texto vai pro Blog, no lugar das idéias da noite retrasada. 

Insônia

Privação do sono; grande dificuldade para dormir. É a simples definição do dicionário. Quem já experimentou, no entanto, sabe que a significação vai muito além.

Insônia é deitar na cama e ter uma brain storm, a famosa explosão de pensamentos que compra briga com o sono e sai vencedora. Insônia é traição. A mente que decidiu dormir é a mesma que não se dá folga ao não parar de pensar. Insônia é teimosia. Insistir no não mesmo quando todas as circunstâncias são favoráveis ao sono. Ela é forte. Sozinha, resiste ao cansaço, à cama confortável, ao silêncio e à escuridão. Insônia é descoberta. É perceber que não se tem reservado tempo para reflexões e que o corpo as exige, então, se dar conta de que ele está no comando e não você. Insônia é fronteira. É estar no limiar entre as ações voluntárias ou involuntárias, onde se controlam os pensamentos mas não a opção de tê-los. Insônia é repetição. É reafirmar, a cada minuto, idéias como “Pare de pensar; pare de pensar” ou “Você vai conseguir dormir; você vai conseguir dormir”.

De uma insônia, podem sair livros, contos, cartas de amor, planos de vida, ou, quem sabe, uma discussão, um fim de namoro, uma falta grave, uma demissão. A insônia é versátil. Pode ser boa, pode ser ruim, ou pode simplesmente não ser. Às vezes ela não passa de um par de olhos abertos, uma mente vazia e uma manhã sem compromisso conquistada pelo sono. Insônia: os espertos tiram proveito; os masoquistas sofrem e os felizes não a conhecem.

Hoje eu acho que sou feliz por ter insônias, embora ainda não saiba o que fazer com elas.  

domingo, 14 de junho de 2009

As coisas existem quando são nomeadas

Enquanto fervia a água do café, abro a porta da cozinha para pegar o jornal. Na capa, "Herbert Vianna - Cantor fala da vida com os filhos, de romances e de sua vida sexual, oito anos após o acidente que o deixou paraplégico e matou sua mulher". Depois da idéia de não sei quando; da Feira do Livro de SP em 2004 e da não leitura do livro amarelo Como criar seu blog; das conversas com as amigas da letras; da vontade  que cresceu com o mochilão pela Europa que merecia ser registrado; das leituras e admiração do blog da Ju, minha amiga sonhadora; e do incentivo explícito e declarado da prima Barbarela, a chamada da Folha veio como o empurrãozinho que faltava. 
O que o líder dos Paralamas tem a ver com tudo isso? Ele tá na capa do jornal porque vai ter show da banda aqui essa semana.  Minha mãe quer ir com as filhas ao show; mas relacionar tudo isso com a criação do blog, seria forçação demais.  O fato é que o Herbert Vianna em si, não tem nada com isso aqui. O que acontece é que a matéria é exemplo de um fênomeno, um índice da modernidade, do qual, aparentemente, eu não consegui ( ou escolhi não) escapar. 
Quando e por quê a tragédia do Herbet Vianna ficou mais interessante que sua música? Por quê disfarçam a propaganda do show com a exposição da intimidade do cantor?  Por quê tanta revista de fofoca? Por quê tantos reality shows? Por quê? Por quê? Por quê? A reflexão que leva a essas respostas rende um post inteiro, e pesado como eu não quero que seja o meu de estréia. Por enquanto, e satisfatoriamente, o título do blog é o lucro!  
Heidegger assina a certidão desse nascimento.