Insônia
Privação do sono; grande dificuldade para dormir. É a simples definição do dicionário. Quem já experimentou, no entanto, sabe que a significação vai muito além.
Insônia é deitar na cama e ter uma brain storm, a famosa explosão de pensamentos que compra briga com o sono e sai vencedora. Insônia é traição. A mente que decidiu dormir é a mesma que não se dá folga ao não parar de pensar. Insônia é teimosia. Insistir no não mesmo quando todas as circunstâncias são favoráveis ao sono. Ela é forte. Sozinha, resiste ao cansaço, à cama confortável, ao silêncio e à escuridão. Insônia é descoberta. É perceber que não se tem reservado tempo para reflexões e que o corpo as exige, então, se dar conta de que ele está no comando e não você. Insônia é fronteira. É estar no limiar entre as ações voluntárias ou involuntárias, onde se controlam os pensamentos mas não a opção de tê-los. Insônia é repetição. É reafirmar, a cada minuto, idéias como “Pare de pensar; pare de pensar” ou “Você vai conseguir dormir; você vai conseguir dormir”.
De uma insônia, podem sair livros, contos, cartas de amor, planos de vida, ou, quem sabe, uma discussão, um fim de namoro, uma falta grave, uma demissão. A insônia é versátil. Pode ser boa, pode ser ruim, ou pode simplesmente não ser. Às vezes ela não passa de um par de olhos abertos, uma mente vazia e uma manhã sem compromisso conquistada pelo sono. Insônia: os espertos tiram proveito; os masoquistas sofrem e os felizes não a conhecem.